A relação entre prazer, dever e expectativa

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Uma das ideias que vemos muito nas redes sociais é o incentivo de trabalhar com o que se gosta... pois assim você nunca vai precisar trabalhar. Já ouviu isso? Falaremos sobre isso hoje.

Ontem estava assistindo com a Michelle a série do Netflix Atypical – história de um menino no espectro do autismo que vai para a faculdade - [alerta de spoiler] e no episódio que vi ontem uma das personagens desiste de buscar o caminho da universidade prestigiada através do esporte e volta a treinar na escola antiga, desistindo da ideia que foi construída durante toda série.

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Assistir a esse episódio me fez querer conversar com você sobre como, às vezes, podemos cair na armadilha de investir no que gostamos, mas seguindo de fato um caminho muito diferente da proposta inicial; onde o que iniciou a jornada passa a ser uma atividade secundária diante de tantos outros deveres e expectativas que criamos ao redor. Vamos dividir esse assunto em prazer, dever e expectativa, assim como no título do boletim.

Prazer

Todos nós sentimos prazer em fazer certas atividades; são elas que nos ajudam a descansar a mente, a sermos criativos, ter mais motivação, dedicação e muito mais. A falta de atividades que tragam prazer genuíno deixa a vida pesada e sem graça, por isso, procuramos prazer de tantas formas diferentes e muitas vezes do jeito errado. Quando encontramos algo que gostamos de fazer, um pensamento que logo vem a mente é: quero fazer só isso para o resto da minha vida! E começamos a investir cada vez mais tempo nessa atividade.

Este boletim que você está lendo nasceu exatamente assim... do prazer de colocar palavras no papel (ou computador) e observar como os pensamentos se conectam, formando quase que uma pintura em forma de palavras. Quando descobri minha própria capacidade de explorar meus pensamentos como se fosse uma floresta tropical, um novo mundo se abriu diante de mim. Demorou algum tempo até que tudo fosse sistematizado, mas agora já faz um ano que faço esse boletim todas as semanas, contado 58 edições com essa aqui.

Dever

Quando decidi criar esse boletim todas as semanas, a atividade prazerosa começou a fazer parte da rotina, e não era mais apenas em momentos de inspiração que fazia, era também em horários pré-definidos. E é nesse momento que tudo muda e muitas vezes não percebemos. Quando fazemos por querer fazer, temos uma sensação muito diferente de quando fazemos por dever. Eu posso gostar de jogar vídeo game, mas se alguém me obrigar a fazer isso durante 10 horas talvez eu não goste tanto assim. Muitas vezes isso leva à pensamentos do tipo: “acho que me enganei”, “na verdade não gosto disso”, “cansei dessa atividade”, etc. Sem perceber que a atividade atual não é a mesma que a anterior, pois os motivos são muito diferentes. Encontrar esse prazer dentro do dever é uma arte que requer um grande equilíbrio entre nos forçar a fazer e deixar de lado quando necessário.

Alguns boletins que escrevi não tiveram tanta inspiração e também não foram tão prazerosos. Eu atribuo muito disso ao sentimento de dever fazer algo ou invés do “querer” fazer. Muitas vezes o que queremos é nos forçar a fazer e mesmo assim ter prazer fazendo, mas acho que o ser humano não funciona exatamente assim. Uma das “virtudes” que mais me ajuda nesse sentido é saber trabalhar a flexibilidade; ao mesmo tempo que podemos trabalhar intensamente em um momento, em outro pode ser melhor ir com calma, talvez até deixar de fazer o que achamos que “deve” ser feito. O boletim de hoje (talvez você nem tenha percebido) provavelmente estará atrasado com relação ao horário que tenho estipulado para ele, isso porque eu não tinha como escrevê-lo sem trazer para bem perto de mim todo esse prazer em escrever. Lembre-se da palavra: Flexibilidade.

Expectativa

Expectativa é o que tem tirado o sono e a sanidade mental da nossa sociedade moderna. Na era da informação, onde tudo pode ser medido com curtidas e a sensação de “necessidade de viver uma vida de propósito” nunca foi tão grande, a busca de validação externa se tornou uma corrida incessante onde sentimos a necessidade sempre termos “resultados” cada vez melhores. Eu acompanho muitas pessoas no YouTube e lá é muito interessante ver como algumas pessoas que já fizeram vídeos com centenas de milhares de visualizações, algum tempo depois não passam de poucos milhares, às vezes, nem isso. Muitos deles ficam profundamente frustrados pela queda de alcance injustificada.

Um dia vi uma entrevista com Mark Manson, o autor do livro “A sutil arte de ligar o f*da-se”, onde ele falava sobre como é ter certeza de que ele nunca iria criar um outro livro que fizesse tanto sucesso quanto esse primeiro, que vendeu mais de 6 milhões de cópias e foi #1 no New York Times. De fato, seu segundo livro não chegou nem perto disso. Como lidar com essa situação?

Na série Atypical foi muito interessante ver a personagem desistindo da Universidade, porém não desistindo do esporte. Pois era justamente a expectativa que a impedia de praticar o esporte como ela fazia no começo.

Eu não quero te dizer para não ter expectativa, até porque isso não é algo que podemos controlar fácil assim. Mas é necessário que saibamos lidar com ela para que a expectativa não se torne muito mais forte do que o prazer que tínhamos inicialmente de fazer algo. Imagine que você comece a fazer algo por prazer, logo essa atividade se torne uma profissão, e depois de algum tempo você se vê como uma pilha de nervos diante de tantas obrigações e expectativas que você se meteu.

Férias

O mês de agosto é quando as pessoas normalmente tiram férias para aproveitar o verão na Europa. E eu decidi parar um pouco com as atividades fixas nesse mês para mudar o formato de toda minha rotina. Ainda estarei trabalhando, mas em outros projetos que precisam da minha atenção nesse momento. Em setembro voltarei com ideias renovadas para discutirmos aqui. Muito obrigado por você ter feito parte desse 1 ano do boletim #CONSCIÊNCIA.


Minha nota:

Nesta segunda-feira lancei meu novo curso de Liderança com Inteligência Emocional. Nele coloquei tudo que considero essencial para quem lida com pessoas em um ambiente de trabalho. Se você quiser aproveitar a promoção de lançamento, basta clicar no link: Liderança com Inteligência Emocional.


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Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

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