Abraço

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Eu estou mergulhado em uma cultura muito diferente da brasileira. Onde a maioria das pessoas não chega realmente a se tocar, e quando se tocam, dificilmente é algo a mais que um aperto de mãos rápido. E é muito visível que as pessoas estão clamando por dentro para interagir umas com as outras, poderem ser mais espontâneas, mais alegres, porém existe uma barreira social invisível que faz com que cada pessoa se contenha.

Sem querer, eu comecei um movimento na minha turma de psicologia que é justamente o de abraçar. Algo completamente estranho para os ingleses kkkkk. Um dos meus amigos ingleses disse que eu sou a única pessoa que ele abraça, isso que conheço ele a apenas um mês. Ontem fomos para um bar após a aula e ao final percebi que eu acabei abraçando todas as pessoas que estavam lá. E isso me fez sentir muito bem e pude ver como as pessoas gostam disso, mesmo quando dizem que não.

Eu tenho estudado muito psicologia e o comportamento do ser humano, em inúmeras classificações da literatura, assim como uma enorme gama de formas diferentes de tratar distúrbios psicológicos. Mas é incrível ver como que pessoas que estudam tudo isso podem ser cegas para ferramentas muito mais próximas e talvez mais eficientes, como um abraço. Talvez seja justamente por ser um método que não cabe em palavras que seja tão difícil de ser ensinado nas universidades.

Onde aprendi

Houve um lugar em especial onde aprendi a abraçar. Onde eu fazia diversos trabalhos voluntários em Belo Horizonte, a regra era cumprimentar as pessoas quando as vemos pela primeira vez no dia com um abraço. Não era um oi, também não era um aperto de mãos e sim um abraço de verdade, todas as vezes! Você pode imaginar que utilizávamos muito tempo para abraçar, e você está correto! As primeiras duas horas do dia continham muito tempo de abraços. Para algumas pessoas isso pode parecer perda de tempo ou desnecessário, mas o que eu nem tinha me dado conta era que esse era um processo profundo de aprendizado. Só estou percebendo agora que esta lição mudou minha vida e está influenciando as pessoas a minha volta.

Infância

Eu não venho de uma família muito acostumada a abraçar; também nunca tive amigos que eram muito bons nisso quando era pequeno. Acho que nenhum de nós aprendeu a abraçar de verdade. Sempre era uma situação incomoda e estranha, que geralmente se desejava que acabasse logo. Na minha época de criança, existia um preconceito muito grande com abraço, muito devido à visão deturpada de sexualidade dos adultos que era passada para as crianças.

Um tempo depois de entrar na faculdade, quando comecei a ter uma visão diferente da vida, do que realmente significa sexualidade e o que representa um abraço; comecei a abraçar mais meus pais, principalmente meu pai que não é nada bom nisso, por ter sido criado um uma cultura muito diferente. Hoje, ele sempre espera o abraço quando me vê com um sorriso no rosto.

Aqui #FICADICA principalmente para os homens que tem crianças por perto, e principalmente os próprios filhos. É muito importante abraçar o filho, tocar, sentir, pois isso o ensina algo que não pode ser transmitido com palavras.

Não é simplesmente abraçar

Então basta sair abraçando todo mundo que minha vida melhora, isso? Kkk em parte sim, mas não exatamente. Assim como sexo é apenas uma parte de uma relação amorosa, o abraço é apenas uma parte de um relacionamento entre duas pessoas; um abraço pode até estar contido dentro de um olhar. A relação entre duas pessoas é feita do contato, das palavras, da atenção e tudo mais que você puder imaginar. Um abraço na hora errada pode até atrapalhar, pois talvez não seja o que o outro precisa no momento.

É muito importante que saibamos explorar as formas de contato com as pessoas. O mais adequado pode ser um toque no ombro ou no braço, talvez seja um aperto de mãos com as suas duas mãos, pode ser o olhar nos olhos, pode ser o silêncio. O importante é saber que existem muitas formas, e que podemos estar ignorando muitas delas devido a conceitos, preconceitos, medo, desconfiança, por nunca ter feito antes, etc.

Barreira psicológica

E se a pessoa não quiser meu abraço? E se eu me apaixonar pela pessoa? Se for estranho e eu ficar sem assunto? Que devo dizer para abraçar alguém? Por não ter respostas para perguntas como essa, a tendência de grande parte das pessoas é... evitar. Pois é mais fácil de se proteger de uma situação quando ela não acontece, não é mesmo? Talvez sim, porém uma vida plena só poderá ser atingida quando as possibilidades e ferramentas são exploradas de forma adequada.

Não estou sugerindo que você saia abraçando todo mundo na rua a partir de hoje, pois isso pode até ser ruim para você. Sei que algumas pessoas que leem esse boletim se sentem muito a vontade de abraçar, outras não gostam, já outras gostariam, mas não conseguem. Cada um tem sua forma de viver. Talvez possa existir até pessoas que deveriam abraçar menos, pois exageram nos apertos; pensei agora na Felícia do desenho animado kkk. Pode ser que seu caso seja apenas de deixar de evitar que alguém te abrace, ou reformular o significado de abraço dentro da sua mente.

Lembre-se: você é o mestre da sua própria vida. Você é o único que nasceu consigo mesmo e irá morrer na sua própria companhia.


Minha nota:

Agora estou pensando em comprar uma camiseta com o escrito “free hugs” (abraços grátis) para ir para aula, o que você acha? =D

Até a próxima segunda-feira.


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Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

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