Insegurança dos seguros

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Basta um surfar de cinco minutos nas redes sociais que veremos muitas pessoas confiantes e seguras de suas opiniões, professando todo tipo de pensamento possível de se imaginar. São políticos, religiosos, especialistas em saúde, profissionais de beleza, gurus do mercado financeiro, empresários de sucesso, monges, coaches, veganos, criando uma lista quase que interminável. Qualquer pessoa “comum” que olhe para esses personagens tende a se sentir deslocado e intimidado, acendendo na mente a luz vermelha mais comum do mundo moderno que é: a busca de propósito. Sem perceber que, para a maioria desses personagens, o grande propósito é dizer que tem um propósito.

Não ter propósito, profissão, hobbies, família, religião (ou ser contra ela), cachorro ou periquito reduz qualquer ser humano a praticamente nada na sociedade; quase como se ainda estivéssemos na idade medieval. Mas seriam todos esses atributos realmente capazes de definir um ser com alguma evolução e que busca evoluir? Um religioso é mais evoluído que uma pessoa comum? Ou seria ele alguém mais limitado que apenas vive em um lugar mais confortável? A maneira de quem diz uma mentira e precisa mantê-la para não ser visto como mentiroso; cada personagem precisa manter sua narrativa para se manter consistente consigo mesmo e com os outros. Conforme a casca cresce, este personagem se torna cada vez mais impenetrável às influências do meio, pois aprendeu a refutá-las prontamente.

Aliás, o grande indicador de um personagem são suas respostas prontas. Quase como se já tivesse vivido tudo no mundo, ele segue receitando o mesmo remédio para todos os doentes que cruzam seu caminho. Seja sua própria religião, a revolução política promovida por seu partido, aplicação de botox, o programa de emagrecimento “super plus”, #bodypositive, meditação ou veganismo, essa é a receita infalível para a falta de propósito que permeia o vazio existencial de cada ser humano que cruza o caminho deste personagem.

Na sociedade das redes sociais que tem por natureza (leia-se: algoritmos) o enaltecimento do fanatismo, a lei se torna ter um “nicho” de mercado, ou seja, pessoas que pensam, falam e agem de forma semelhante; algo que não é ruim em sim, mas que se torna perigoso quando todos os outros pontos de vista são prontamente direcionados à lata de lixo. Indo na contramão de Sócrates que buscava ver cada situação por diferentes ângulos, os personagens atuais veem todas as situações pelo mesmo ângulo; reafirmando suas ideias sempre com as mesmas bases limitadas.

Um fanático não sabe questionar-se; aliás, tem medo de o fazer pois teme descobrir que toda sua narrativa foi embasada em meias verdades, ou em interpretações malfeitas. Buda disse que todo sofrimento vem do apego; e não há sofrimento maior que o apego cego a ideias fixas. Quando vemos o personagem tão seguro falando no IGTV sobre suas ideias, não vemos que por trás da máscara pode existir alguém que busca ignorar suas inconsistências para não decepcionar nem seu propósito de vida, nem seus seguidores.

Pensar que os famosos são na verdade personagens traz um alento às pessoas “comuns” ao perceber que “propósito de vida” vai muito além de posses, aparências e Instagrams. A maior alegria de um ser humano é poder ser o mesmo independente de quantos olhos estejam dirigidos a ele. Poucas coisas podem ser de fato respondidas no Planeta Terra, o que torna ainda maior o valor das perguntas. Um ser humano se direciona para evolução quando tem dezenas de perguntas sem respostas, porém, fica estagnado se possui apenas uma pergunta com uma única resposta.

Não existe como um indivíduo ser tão diferente do outro! Nós que por sermos tão iguais, aprendemos a exaltar pequeninas diferenças como altura, peso, ou cor da pele, sem questionar se isso é realmente uma diferença. Quem se der ao trabalho de procurar, verá que qualquer diferença genética entre seres humanos não passa de 0,1%. O que nos torna 99,9% iguais e 80% iguais a um rato.


Minha nota:

Talvez você tenha notado que este boletim está escrito em um formato diferente do que eu normalmente faço. Este é um formato um pouco mais formal do que eu costumo fazer, o que você achou?

Semana que vem irei lançar um curso novo de Comunicação Não-Violenta. Acredito que seja o curso mais importante para todos os seres humanos de uma forma geral, pois nos dá consciência do que nossas palavras realmente querem dizer. Semana que vem irei apresentá-lo a você.

Referência sobre semelhança genética (em inglês):

https://www.amacad.org/publication/unequal-nature-geneticists-perspective-human-differences


Quer entrar para minha lista e receber o boletim #CONSCIÊNCIA no seu email assim que sair? Inscreva-se em: adrianosugimoto.com.br é de graça!

Quer estudar comigo? Veja meus cursos online aqui: adrianosugimoto.com.br/cursos

Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

Anterior
Anterior

Um novo olhar para comunicação

Próximo
Próximo

Quem é o responsável pelo que sinto?